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Repórter cega explora a Sala Imersiva do 18º SIMCOM

Sala Imersiva simulando a sensação de estar no Mercadinho de Imperatriz foi uma das sensações do 18º SIMCOM (foto: Imprensatriz)

Juliana Fernandes

Em meio aos espaços do 18º SIMCOM (Simpósio de Comunicação da Região Tocantina), que aconteceu na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus de Imperatriz, entre os dias 11 e 13 de dezembro de 2024, com o tema “Jornalismo Cultural e Independente”, havia uma sala especial, preparada com cuidado, para transformar a cultura em sensações. Como repórter cega, trago nesta crônica o relato da minha experiência dentro da Sala Imersiva, que tinha o objetivo de simular o Mercadinho, feira popular da cidade e em outros momentos do simpósio.

A sala sensorial me levou por caminhos em que o tato e o cheiro eram os guias da experiência. Toquei o coco babaçu, senti a textura áspera do alho e o aroma doce da canela. Meus dedos exploraram uma bolsa de palha e um abanador artesanal, ambos feitos do mesmo material, tão presente nas feiras e no cotidiano simples. Cada objeto contava uma história viva da feira do Mercadinho de Imperatriz, onde a cultura se manifesta em cheiros, sabores e texturas que a memória reconhece mesmo sem poder ver.

Para mim, que não enxergo, essa sala foi uma revelação de possibilidades. O jornalismo cultural não estava representado somente na forma de palavras ou imagens, ele se transformou em uma experiência tátil e olfativa, um convite a vivenciar a cultura de outra forma.

O que mais me emocionou foi o cuidado envolvido. A equipe que esteve à frente da organização, vinculada ao Laboratório de Comunicação Visual e Edição Criativa (Love), em especial a professora Yara Medeiros, pensou em cada detalhe para garantir que tudo estivesse acessível e preparado, tanto para quem enxerga quanto para as pessoas com deficiência visual, como eu. Acessibilidade é acima de tudo um gesto de empatia, uma ponte que permite que todos participem e vivam plenamente a experiência.

Saí dali com o coração pleno, porque a cultura não é feita apenas de imagens. Ela se revela por inteiro quando a experimentamos com todos os nossos sentidos. E essa foi uma das histórias mais bonitas que vivi.

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